domingo, 22 de fevereiro de 2015

Charles Chaplin

Desde que me entendo por gente que sou aficionado em filmes. Era apenas um "mulekote" quando via as produções de Chaplin e muitos outros filmes mudos e em preto e branco. Fiquei muitas vezes acordado de madrugada para assistir o Corujão (uma programação da Rede Globo), que só passava filmes antigos; quando digo antigos me refiro aos primórdios do cinema.

Os filmes que mais me agradam são os musicais. Já assisti:

  • A Noviça Rebelde (The Sound of Music)
  • Sete Noivas para Sete Irmãos (Seven Brides for Seven Brothers)
  • Cantando na Chuva (Singin' in the Rain)
  • O Picolino (Top Hat)
  • Holiday inn
  • Marry Poppins
  • Cinderela em Paris (Funny Face)
  • O Rei e eu (The King and I)

Assisti a muitos outros, mas acabaria fazendo uma lista muito grande.


Outros filmes que vi, foram os do Jerry Lewis, principalmente os que o Dean Martin participou (quase todos). Nossa, como gosto desses filmes. Jerry Lewis realmente esteve presente na minha infância. Alguns dos filmes como Artistas e Modelos (Artists and Models), O Professor Aloprado (The Nutty Professor) e O Meninão (You're never too young), são extremamente divertidos.

O Grande Ditador: momento do discurso final
Filmes do Chaplin, não posso dizer que vi todos, mas posso dizer que vi muitos. Em busca do Ouro, O garoto, Tempos Modernos, O Circo, Luzes da Cidade e, entre todos, o que considero a maior obra, O grande Ditador. Muitos pensam que Charles produziu O Grande Ditador após a Segunda Guerra, mas se enganam; na verdade o filme foi lançado em 1940 e o mundo via Hitler como um grande líder; Chaplin praticamente previu o futuro. Em 1939 a Alemanha invadiu a Polônia; por conta da invasão, Inglaterra e França declararam guerra contra Hitler. Outros países só entrariam na guerra mais tarde. Porém, as atrocidades contra os judeus e outros pontos que o filme aborda, só ocorreram depois. Pra mim, o filme é fantástico. O discurso final do barbeiro é fascinante e muito envolvente; acho que deveria ser considerado como a declaração de independência da humanidade.

Acho que os filmes antigos têm uma fantasia, um sonho embutido. São maravilhosos e inocentes.


Ao final do filme, o personagem de Chaplin dá um belo discurso3 falando de direitos humanos no contexto da Segunda Guerra Mundial. Segue:
"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos. 
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Queremos viver pela felicidade dos outros, não pela miséria dos outros. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades. 
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. 
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá. 
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos! 
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice. 
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos! ( segue o estrondoso aplauso da multidão). 
Então, dirige-se a Hannah : 
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!." 

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